terça-feira, 30 de março de 2010

Outros desportos

Daniela Costa, de sangue alpendoradense, numa prova de saltos, no passado fim de semana, no Centro Hípico de Matosinhos. Na imagem, a dupla Daniela /Xhibia "limpou" na prova de 80cm.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Arqueologia das profissões e ofícios VI

Os telheiros
Os telheiros eram pequenas estruturas de abrigo ao árduo trabalho dos pedreiros. Inicialmente surgiam disseminadas pela freguesia, preferencialmente junto de estradas e caminhos, de forma a facilitar a descarga da matéria prima e o carregamento do produto final a ser exportado.
Habitualmente, os trabalhadores não se deslocavam para almoçar em casa, devido à distância e ao tempo que dispunham para o almoço. Por isso era comum assistir à peregrinação de mulheres e crianças para " levar o comer " aos familiares.
As cestas que aconchegavam os recipientes com a refeição, encolvida em panos. Também lá ia a garrafita do vinho.
(Digitalização de Fernando Costa)
1971. Ao fundo, exemplo de um telheiro tradicional, com uma armação em toros de eucalipto e cobertura em chapas de zinco e ramos de árvores.
( Digitalização de Fernando Costa )
2005. Telheiro mais recente com estrutura em ferro e telhado e proteções laterais em chapa de zinco. Enquanto na imagem anterior, o trabalho é meramente humana, neste caso, estamos na presença de máquinas de" fazer cubos".


2005. Produto final pronto a ser exportado.

João Costa

segunda-feira, 22 de março de 2010

Associação Aradum




Parabéns, Associação Aradum! São estes valores e estas iniciativas destituidas de qualquer interesse material que elevam o homem e o fazem esquecer como "bicho da terra tão pequeno", recordando Luís de Camões. As crinças e jovens hão-de agradecer, se é que já não o fazem, através da "tuba canora".
Força na palheta! Um dia destes quero assistir aí a um espectáculo!
João Costa

Limpar Alpendorada





Ao ver estas imagens fica um enorme desalento, mas também uma esperança: Crianças a limpar o que os adultos poluem! Talvez estes pequenos consigam o que nem as grandes máquinas conseguem - eliminar o lixo das consciências graúdas.
De cada vez que um poluidor reincida nesse acto criminoso, ao menos que veja o dedo apontado de uma criança!
Obrigado ao Fernando pelo envio destas imagens.

Notícia da campanha em:
http://naturlink.sapo.pt/article.aspx?menuid=20&cid=16856&bl=1

domingo, 21 de março de 2010

Arqueologia dos ofícios e profissões V e o Dia Mundial da Água

Fontes e Lavadouros públicos

A árdua tarefa da lavagem da roupa ter-se-á iniciado no riachos, rios e ribeiros, passando posteriormente para as presas e tanques, até entrar dentro de casa, com as máquinas de lavar.
A velocidade do quotidiano e o próprio estado de riachos e ribeiros não permite esta actividade solitária e solidária das mulheres que se juntavam nos lavadouros públicos para lavar a roupa e actualizar as conversas. Era uma espécie de barbearia, na dimensão feminina, ao ar livre. Talvez mais saudável, porque as palavras voavam com a aragem e corriam nas águas. E como a infância é a nossa cronista da história, ainda estão presentes os cheiros da brancura a corar na rampa da Laranjeira, misturados com gelatina de sabão, tons amarelos e brancos das pequenas saquetas de lixívia, quais barquitos pela corrente do ribeiro, e tocas de grilos que deixavam de cantar quando alguém se aproximava. As brincadeiras da criançada eram interrompidas para, armada de regador em punho, borrifar a roupa já meia tesa pelo sol.
E eram vários os lavadouros públicos espalhados pela freguesia, quase sempre geminados com um fontenário.
Destes locais templo-da-purificação, destaca-se o ribeiro do Ordonho, também palco da lavagem de muita tripa suina por alturas da friagem da matança do porco, o lavadouro do memorial, situado próximo do lugar da Quebrada, o lavadouro do lugar da Saibreira, dois lavadouros em Vila Cete, o lavadouro do lugar do Monte, o do Cano, o da Lameira, o dos Conventos, o do Cadouço, o de Louriz, o de Mondim, o de Paredes e o do Tapado. A par destes destes espaços, a freguesia apresentava muitos tanques particulares, por vezes, partilhados pela vizinhança, vestígio de um processo comunitário, a par de outros que já se extinguiram praticamente, como a troca do "crescente" para a cozedura do pão, a troca de carne do porco, por altura da matança e outro mais religioso, como a passagem da "Sagrada Família". " Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades", como também é preciso mudar a nossa atitude perante a água.

Quando não existia água por perto, era necessário explorá-la, através da construção de poços.


Tanque e lavadouro particular, ainda com dois processos de extracção de água - bomba mecânica e motor eléctrico. Lugar da Serrinha - 2007.



Bomba manual e tanque de granito. Memorial - 2006.


Bomba manual, agora objecto de museu. Lugar do Memorial.


Outrora esta bomba estava acompanhada de um tanque de granito, reservatório de lampreias. Lugar do Memorial.


Fonte e tanque adornados por estátuas de ganito. Este espaço da Quinta de Leiria está actualmente deteriorado, tendo as estátuas desaparecido.

Fonte de Baixo, no lugar de Vila Cete. Estrutura em granito com fonte, lavadouro e o pormenor do vaso. ( 2003)


Fonte de Cima, no mesmo lugar, com fonte, lavadouro e presa. ( 2003)

Fonte do Monte. Estrutura em granito, com depósito, tanque e lavadouro. (2003)

Tanque e lavadouro em betão no lugar de Louriz. (2003)

Fontanário do Memorial. A água desta estrutura segue para um lavadouro público na proximidade.

Lugar do Tapado. Mina e tanque/ lavadouro. (2003)


Lugar de Mondim. Fontanário, tanque, lavadouro e presa. ( 2003)

Bibliografia
COSTA, João Pinto Vieira da, Alpendorada e Matos - Península de História, JFAM, 2005
João Costa

Dia Mundial da Poesia

Mãos
que moldam a luz
de pedra

E de Ordonho
ordenham
o granito

leite da mãe natureza


João Costa
21/03/2010

sábado, 20 de março de 2010

Dia L

Fotografe o antes e o depois da limpeza, porque há memórias muito curtas!

quinta-feira, 11 de março de 2010

Arqueologia das profissões e ofícios IV

O carvoeiro

Existira, em tempos, no lugar da Serrinha um local de fabrico, venda e armazenamento de carvão. Esta actividade centrava-se, tal como outras, no seio do grupo familiar. Neste caso, este ofício era exercido por uma família de apelido "Militar". A presente fotografia foi obtida no lugar da Linha Recta, na direcção da encosta para o rio Tâmega, a cerca de 500 metros da estrada nacional, na década de noventa. Retrata um "forno" para, de uma forma muito lenta, produzir carvão. Nas décadas de 60 e 70 era habitual, em Alpendorada, ver estas construções nas zonas de floresta.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Arqueologia das profissões e ofícios III

O "barraco" e a forja
do Memorial

Foto do autor no início da década de oitenta, no local recém-desmantelado, da oficina de reparação de bicicletas, onde trabalhava o senhor Alexandre "Barracas". No mesmo local, distanciado vários metros, funcionava uma forja. É interessante que estas duas oficinas tinham em comum o ferro das bicicletas e o ferro forjado das grades e portões e essencialmente o dos utensílios dos pedreiros. Há muitos anos que esse espaço foi ocupado por construções habitacionais. Esta é a única foto do meu arquivo que documenta levemente esse espaço. Claro que a memória armazena muitas imagens e também o cheiro dos óleos, ferrugem e aquele cheiro característico da forja.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Memória dos Lugares II


Alto do Ladário - 2003(?) (Foto: João Costa)



Alto do Ladário - 2005 (Foto: António José P. Silva)

domingo, 7 de março de 2010

Arqueologia das profissões e ofícios II

O Fogueteiro


A arte de lançar o fogo nas festividades religiosas era pertença de uma família. O mestre Zé Cego, apelido pelo qual era conhecido, também era um músico popular. A par dos acordes mais estridentes da pólvora a estalar no céu e por vezes no chão, ensinara uns e sensibilizara outros para a prática de um instrumento musical. A minha homenagem a esta e a todas as simples figuras que marcaram a cultural popular de Alpendorada.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Arqueologia dos ofícios e profissões I

O contínuo avanço da ciência e da tecnologia possibilita aspectos benéficos à sociedade, mas arrasta consigo um conjunto de ofícios e profissões que passam rapidamente para o domínio da arqueologia. Os grandes centros comerciais e hipermercados, o progresso económico (?), o desparecimento da agricultura tradicional de subsistência são alguns factores que contribuem para esse desaparecimento. Restarão algumas actividades artesanais que poderão alimentar-se de um turismo insuficientemente explorado.
Tendo como ponto de estudo Alpendorada, já raramente se houve falar e muito menos ver actuar o capador que preparava o porquito para a engorda durante o ano, culminando na matança pelo meses mais frios do Inverno. Nesta situação, actuava o matador ( ainda me lembro do senhor "Clidres" que anualmente vinha fazer essa tarefa, sendo, geralmente pago, com uma febras do porco, no dia da "desmancha").

Matança do Porco, em Várzea do Douro ( foto gentilmente disponibilizada por Arlindo Carneiro - R. Janeiro)

O vedor era essencial para a marcação do poço, uma vez que o abastecimento de água se fazia e ainda se faz através de um poço. Actualmente as perfuradoras conseguem abrir um furo e encontrar água a grande profundidade, substituindo, assim o trabalho do vedor e o do mineiro, tantas vezes perigoso e fatal.

Abertura de um poço. Momento em que "nasce" a água.

O transporte e arrumo da água fazia-se, em tempos, em vasilhame de folha de flandres e zinco, substituída depois pelo plástico. Isto fez com que o latoeiro/ funileiro também deixasse de ter procura. Se passarmos da água para o vinho, as constantes reduções na produção de vinho por pequenos proprietários e os novos materiais utilizados no armanezamento dos vinhos terminaram, há muitos anos, com a presença sazonal do tanoeiro no lugar do Memorial.
Maçarico utilizado pelo Sr. Rodrigo Pinto na arte de latoaria.


Memorial- Casa onde o tanoeiro sazonal organizava a sua oficina e estaleiro de pipos.

As padeiras que, de canatra à cabeça, percorriam a freguesia para distribuir o pão fresco -os "moletes" escondidos debaixo de um pano branco - também já desapareceram, assim como as sardinheiras. Ainda restam, felizmente, as vendedeiras de tremoços e castanhas, no lugar do Memorial, a lembrar um recepcionista da terra. Os moleiros também já são raros ou mesmo inexistentes. Para as bandas dos rios Tâmega e Douro, foram-se os barqueiros. E destas terras fundas onde cresce o vime, já não lembra o cesteiro.


Sr António, outrora barqueiro em Fontelas.

Sr Álvaro "Cesteiro" ( falecido há décadas)
(Foto digitalizada por F. Costa e gentilmente disponibilizada por M. V. Antunes)


O merceiro e o taberneiro vão desparecendo com os cafés e outros mercados. Até os alfaiates (recordo dois) foram tapados por tanto pronto-a-vestir. Nesta área dos têxtil, somente na Serrinha, ainda laborava um tear manual, por duas irmãs tecedeiras, a pensar desistir do ofício por incapacidade e a quem tive o prazer de fotografar.

Tecedeira da Serrinha.(2007)

A senhora Maria com uma passadeira confeccionada no tear da Serrinha. (2007)

O comprador e vendedor ambulante de ovos, galinhas e coelhos, com uma bicicleta carragada com uma giga e a franganada a cacarejar só me baila na memória, quando, um certo dia, espalhou a carga de ovos na estrada, e as mulheres da vizinhança vieram aproveitar as gemadas, ali para os lados do Ribeiro. Qual vírus qual quê! O que não mata engorda!


O senhor Torcato.
(Digitalização de Fernando Costa, segundo foto disponibilizada por M.V. Antunes)

E as cozinheiras que iam de casa em casa para fazer as bodas? Deve ser muito raro. Perde-se um costume em que o verde e a sopa seca integraram uma ementa ancestral.

As especialistas das ementas tradicionais servidas nas bodas "à moda Antiga".

Para o Caminho Velho, encaminhavam-se as loiças partidas como malgas, pratos e travessas para que se lhes desse um jeito, com uns agrafos e uma certa cola biológica. Os guarda-chuvas também não escapavam à mestra de consertos - a Mouca, como lhe chamavam.


A "Mouca" a consertar um prato.

(Digitalização de Fernando Costa, segundo foto disponibilizada por M. V. Antunes)